Não sei ao certo que
idade tinha quando por iniciativa da minha mãe ouvi o Nazareno pela primeira
vez.
Sei que a sua audição
num longínquo Natal do final da minha infância, foi marcante, para que mais
tarde tivesse o grande e ambicioso projecto de encená-lo
também.
Do ponto de vista
religioso é sem duvida alguma ímpar, acredito que o espectáculo por si só é uma
grande aventura para quem o interpreta, quer seja como coralista ou como
intérprete de alguma das suas “personagens”.
A vida de Jesus desde o
seu nascimento até ao momento da morte e ressurreição, a sua relação próxima com
os apóstolos, tomando extraordinária amplitude divina e ao mesmo tempo humana. O
sentido único e verdadeiro do bem, do perdão e acima de tudo, do
amor.
O amor divino, inerente
à existência humana (assim deveria ser) a sua exortação constante a esse grande
facto: o Amor.
Por tudo isto, torna-se
para cada um dos intervenientes, uma grande aventura de descoberta e
introspecção.
A construção constante
do mistério, que é Jesus:
* O que ressuscitou de
entre os mortos;
* O que perdoa aos seus
algozes;
* O Homem-Deus que lava
os pés aos seus apóstolos;
* O que diz: “Se queres
ser grande, faz como esta criança: - Menino queres ser meu
mestre?”
* O que pronuncia o
maior de todos os mandamentos:
“Amai-vos uns aos
outros, como eu vos amei!”
Do ponto de vista
musical, toda a composição é um singelo “desenho”, por isso mesmo prova a grande
capacidade do autor deste espectáculo em que a música se torne o elemento
perfeito para tão grande mensagem. “Pois o difícil é ser-se
simples!”…
A segunda parte, marcada
por uma atmosfera mais introvertida e intimista, em que a música tem momentos de
algum “alvoroço” propositado.
A atmosfera da
preparação da morte, a morte como caos final e por ultimo, o suspiro
derradeiro.
Terminando com a alegria
e serenidade da manhã Pascal.
Desmontar este
espectáculo foi unicamente gratificante, cada um é um mundo, uma realidade e
acima de tudo um ser, introduzir tudo isto noutra realidade que é o
próprio Nazareno, exigiu de mim um trabalho de homem do leme, que sinceramente
espero vir a conseguir, pois o espectáculo só termina com a sua última
representação.
A realidade humana, às
vezes está longe da realidade religiosa deste espectáculo.
Mas… o querer, o
esforço, a persistência e o gosto, esse é sem duvida o mesmo, e por isso, como
disse o poeta:
“Deus quer, o Homem
sonha, a Obra nasce…”
Desejo-lhe um bom e
feliz espectáculo.
Paulo
Taful
FOTOS
ACTORES
Valter Mira - Jesus |
Any - Maria Madalena |
Ana Luísa Lucas - Virgem Maria |
André Carvalho - João |
Bárbara Narciso - Cego |
Clara Oliveira - Mulher |
Inês Nunes - Noiva |
Luís Manhita - Judas |
Luís Vieira - Noivo |
Nuno Chora - Pilatos |
Patricia Zorro - Samaritana |
Pedro Tomás - Anjo |
Tânia Martins - Mulher |
FICHA TÉCNICA
Encenação
Paulo Taful
Som e música
Hugo Janota
Luz
Jorge Catalino
Figurinos
Cremilde Duarte